segunda-feira, junho 11, 2012

quinta-feira, maio 10, 2012

Oficina de Banjo em Marapanim

Essa oficina ministrada por Mestre Garanhão (Erediano Neves) em Marapanim.


Esse relatório é uma síntese dos trabalhos desenvolvidos no II módulo de execução de banjo, ocorrido nos dias 22/04/2008 à 26/04/2008 das 14h às 18h no Barracão Paroquial São José na cidade de Marapanim, promovida pelo do IAP – Instituto de Artes do Pará que faz parte do projeto “Tocando a memória do banjo”.
Ministradas pelo Mestre Erediano Neves (Garanhão) e Luizinho Lins
As atividades e as técnicas de execução de banjo repassadas no II modulo, tiveram como base a experiência do mestre Garanhão, como é conhecido em Marapanim, o senhor Erediano Neves. Através de suas lembranças do seu aprendizado e suas descobertas no seu processo de musicalização. Mostrou passo a passo como aprendeu a tocar o banjo, ensinando os alunos da mesma maneira, de forma oral e prática. Mestre Garanhão, até então, tivera apenas um aluno de banjo, que foi seu filho, que hoje é muito conhecido na localidade por tocar banjo, maracás e o curimbó com os pés ao mesmo tempo.
Ele mostrou nos seus relatos como o banjo tem importância significativa nas folias, cordões e nos grupos de carimbó alem dos antigos grupos de “Jazzes”, nesse último, onde aprimorou sua técnica.
Os ritmos que o mestre Erediano construiu na sua historia musical dentro desses grupos e cordões, foram à base que utilizou para mostrar um pouco dos sotaques e especificidades que cada um deles contém; a valsa, o boi, as folias.
Contando em paralelo, relatos de momentos que ele viveu, quando era aprendiz e quando já tocava em grupos.
Durante as atividades houve encontro com outro grande mestre de carimbó o filho de Tito Vieira um dos mestres mais conhecidos e respeitados por todos os mestres de carimbó. Um dos primeiros a tocar viola nos grupos de carimbó. E onde criavam “desafios” entre os músicos e neles Tito Vieira se destacava.
Aqui o Vídeo com Mestre Garanhão, Mestre Sarara, Mestre Jabá, eu e os alunos da oficina.





sábado, novembro 12, 2011

tambor de carimbó

O meu tambor é de carimbó
quando o tambor toca
todo mundo quer dançar


sarandeiando no baque
e forte no peito rebate
essa energia do Pará


O meu banjo é de carimbó
quanto o banjo toca
todo mundo quer dançar


ninguem fica parado
ninguem fica sentado
todo mundo logo vai dançar


LiNs

terça-feira, novembro 01, 2011

terça-feira, dezembro 16, 2008

Cerâmica Percussiva



O projeto “Cerâmica Percussiva”, idealizado em 2007, tem como objetivo criar instrumentos percussivos em barro, valendo-se das técnicas de confecção dos oleiros-artesãos de Icoaraci, adornado com temas marajoaras e tapajônicas. Além de criar instalações artísticas interativas utilizando peças de cerâmica instrumental percussiva e de unir uma obra de arte (cerâmica em barro) e um instrumento musical (tambor e vasos bilhas) a uma identidade vinculada aos nossos valores culturais Amazônicos.

Através da bolsa de pesquisa e experimentação em artes - 2008 do Instituto de Artes do Pará - IAP, o projeto foi concluído juntamente com os oleiros da "Anísio Artesanatos" de Icoaraci, o luthier Ray, o artesão de Apuí Salomão e o grupo de carimbó “coBra coral”. Juntos fazendo os experimentos funcionais, estéticos e sonoros e proporcionando a todos um novo conhecimento na área distinta de cada profissional.






















Neste sentido, pensou-se em criar uma peça multifuncional (instrumento musical e uma obra de arte) em argila, com características sonoras e visuais relacionando a nossa cultura. Um instrumento com sonoridades e estéticas amazônicas, inserindo o conceito dos elementos ancestrais que esses representam ao contemporâneo como símbolo de identificação de nossa região.


A Cerâmica em Icoaraci

Na vila de Icoaraci os artesãos que antes faziam réplicas das peças marajoaras e tapajônicas, possuem hoje traços e adornos que já se identificam como cerâmica de Icoaraci. Através da prática, da criatividade e da busca de conhecimento de outras técnicas e elementos, criaram uma identidade com a mistura dessas linhas, cores e ondulações das artes marajoaras, tapajônicas e os desenhos rupestres, sem esquecer da necessidade de tornar as peças comerciais, pois os artesões mantêm o sustento de suas famílias com a venda dessa peças, mesmo que artesanalmente, isso influenciou bastante nessas mudanças e criações.



















A Arte na Sociedade Indígenas

Vários estudos etnológicos nos mostram que a arte para as sociedades indígenas possui uma conotação diferente da arte conhecida da nossa sociedade.
Nas comunidades indígenas a arte se expressa no cotidiano e nos próprios indivíduos; dos utensílios domésticos aos adornos pessoais onde muitos desses adornos possuem significado para o grupo onde fazem parte. Pois, não existe um objeto artístico sem função social dentro dessas sociedades.

Dessa forma, uma arte feita com elementos do meio-ambiente e do seu repertório mítico indígena, ganham um significado diferente, uma vez que, usando uma linguagem visual, os utensílios e adornos corporais, se transformam em meio de comunicação e de documentos que os diferenciam dos outros grupos sociais.



















A origem da arte gráfica para esses povos também não provem da criatividade do artista e sim de um presente mítico para todo o grupo. Essa etnoarte como foi definida por estudiosos tem um caráter tanto comunicador como também socializador, porque dela se produz peças para o uso social desses grupos e essa utilização lhes da o título de grupo humano, possuidor de uma identidade étnica. E desses elementos revivem a mitologia do grupo, seus valores morais e éticos, um código cultural compartilhado pelos membros de toda a comunidade.

Nesta perspectiva, com base nesses conceitos podemos definir o resultado do nosso projeto como a criação de um veículo socializador que comunica, expressa e identifica a cultura do nosso povo amazônico. Através dos seus traços, cores e sonoridade.



O PROCESSO DE CONFECÇÃO


O Barro

O barro vem para as olarias, ainda "impuro"(se diz quando misturado ao barro vem folhas, pedaços de galhos, pedras, etc.) trazidos pelos "barreiros"(pessoas que extraem a argila ) . Ao chegar nas olarias, o barro passa por vários processos de limpeza o primeiro é feito pelo próprio oleiro com as mãos catando os materiais pequeno.


















Após essa fase a argila passa pela "maromba", máquina movida a energia elétrica, que comprime, misturando o barro e tornando substancialmente homogêneo. Dando mais qualidade e uniformidade para uma "boa queima". A maromba facilita a produção artesanal em larga escala, assim como a máquina que mói os cacos de cerâmica para o "chamote", um processo que seria manual e despenderia de muito tempo e força braçal é feito em apenas alguns minutos, e por uma só pessoa.






















Esse processo se faz de duas a três vezes. Após a maromba e os blocos formados de barro faz-se o ultimo processo de purificação. É passado por entre o bloco um arame fino, fatiando em varias camadas na vertical e horizontal, pois se ainda tiver qualquer outro material que não foi tirado no primeiro trabalho de limpeza do barro esse vem preso no arame.


A confecção das peças

As peças são confeccionadas no primeiro momento e em grande parte na "Roda" instrumento onde se molda o barro. Utilizando apenas água, paletas, a roda, a criatividade e habilidade das mãos do artesão. Criam-se peças de todos os tamanhos e formas. Existe, como podemos ver na foto abaixo, um medidor, mesmo as peças sendo feitas de forma artesanal. Pode-se ter uma noção de que tamanho elas ficarão após finalizadas. E assim cofeccionar várias peças similares como por exemplos 100 cinzeiros do mesmo tamanho e forma.




















Luthier

A peça de cerâmica foi modelada na forma que pudesse possuir um sistema de atracamento para esticar o couro sem prejudicar sua estrutura de argila. Esse sistema é simples utilizando o calo confeccionado na própria peça, anéis de aço e cordas.
O Primeiro experimento foi utilizado como apoio de fixação do couro, um “calo” , saliência confeccionada na própria peça, onde pudesse servi de apoio ao anel secundário que fixaria a corda na outra extremidade, prenderia e esticaria o couro. Conseguindo um resultado muito bom veja imagem abaixo.






















Na segunda peça com o mesmo moldado. O luthier experimentou fixar o anel na outra extremidade sem precisar do "calo". Foi fixado o anel no corpo do instrumento pelo processo de compressão por estar bastante justo ao tamanho da peça. Onde também conseguiu um resultado positivo criando uma outra estética.



Os Suportes de Cipó

Apuí


Depoimento: O Apuí (nome popular) pertence a família Cecropiaceae, e existem diferentes espécies de Apuí, cada qual com seu nome científico. O Apuí é um cipó que cresce sobre outras árvores lançando raízes aéreas (vem do alto em direção ao chão), e a medida que vai se desenvolvendo, abraçando e dominando a árvore que o hospedou, esta vem a morrer. É uma caracteristíca da Floresta Amazônica ela se alimentar dela mesmo, daí a constatação de que na floresta, muitas vezes morte é vida.( http://www.amazonia.org.br )


O cipó-titica

é uma planta da família Araceae, ou seja, é parente próximo da aninga, do tajá e outras plantas ornamentais. São pelo menos 13 espécies de Heteropsis ocorrendo na América tropical. Destas, 8 espécies ocorrem no Brasil e 5 podem ser encontradas no Acre, incluindo o autêntico cipó titica. (http://ambienteacreano.blogspot.com/2008/03/cip-titica.html)















Percebendo a necessidade de um suporte para os tambores em cerâmica, pois poderia se desgastar com o atrito todos os simbolos decorativos que possuem no corpo da peça.























foram confeccionados quatro suportes, utilizando como materia prima cipós da região amazônica; cipó de Apuí (grosso, leve e resistente) e o cipó titica(fino e resistente) para trançar nas extremidades do acento como podemos ver imagem abaixo:


















Os suportes foram desenhados para poder apresentar os tambores de cerâmica com a estética semelhante a dos curimbós(tambores usados nos tradicionais grupos de carimbó no estado ro Pará) em sua posição horizontal. Também sendo uma peça multifuncional servindo de proteção e suporte para o tambor de cerâmica e de acento pra o músico.



























































As Peças




O trabalho estético resultante das peças cerâmico percussivas, vai mais além de um instrumento musical composto das linguagens sonoras e visuais. Podemos afirmar que este trabalho é na sua forma abstrata, a antropofagia artística da cultura popular paraense. Desenvolvido no seio dos artistas e artesãos populares de Belém, novos conceitos da arte cerâmica e musical produzida longe dos grandes salões, palcos e do universo acadêmico. Mostrando que os elementos ancestrais das várias linguagens artísticas e sociais podem surgir à cada época com um novo olhar e falar de si próprios.



Testes SonorosApresentação da bolsa de pesquisa, realizado no Instituto de Artes do Pará no dia 18 de dezembro de 2008

carimbó coBra coral - Retumbão (música da festividade em homenagem a São Benedito em Bragança -Pará)



......

fotos: Mariza Miranda
texto sobre a arte na sociedade indígena - baseado no livro da Prof. Denise Pahl Schaan
revisão de texto: Chimênia Pinheiro


CONTATOS:
e-mail: luizinholins@hotmail.com

quinta-feira, julho 31, 2008

a história do carimbó em Marapanim



vila de Maranhãozinho onde tudo começou...

Carimbó – palavra de origem africana, inspirada no curimbó – um tipo de tambor feito de uma tora de pau oco, recoberta em uma das suas extremidades por couro de animal qualquer.

Curimbó, carimbó ou corimbó – células rítmicas extraídas dos tons do tambor de carimbó.



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Carimbó tem o som contagiante, seu dançar é um folguedo, que se caracterizam os primeiros grupos a dançar carimbó, como dança circular de pares soltos. Com varias manifestações nos sítios e fazendas, como dança do bangüê, dança do gambá, dança do bagre, ginga de capoeira e outros. No município de Marapanim não foi diferente a manifestação da dança do carimbó. Segundo a comunidade esta manifestação aconteceu no núcleo habitacional demonimado: - posse ou sitio Santo Antonio, hoje vila de Maranhão (Maranhãozinho) localizada as margens do rio Paramaú, afluente do rio Marapanim.

........Com a chegada dos negros ex-escravos como Calandrino Alves de Almeida, sua esposa Gratulina Alves e seus filhos, juntamente com vários maranhenses e outros. Associaram a viola, a flauta, o milheiro, o tambor curimbó, maracá, tambor onça, reco-reco, xereré, e poesia musicada (cantiga) e outros tipo de instrumentos. E após os mutirões de roçados, capinas e plantações, esta manifestação acontecia tanto na casa do forno como no tijupá. Era o tradicional carimbó da roça, quando se saboreava a manicuera, gengibirra, mingual e outras iguarias da região.




........Com o decorrer do tempo esta manifestação também passou a fazer parte da festa profano de são Benedito, organizada pela igreja católica local. De acordo com os documentos oficiais extraídos pela diretoria de são João Batista de Maranhão, ligada a igreja católica, em 1895 se constituiu duas diretorias: a de são João Batista, organizava o boi-bumbá, todos os anos no mês de Junho. E a diretoria de são Benedito, organizava a festa do carimbó, isto no mês de Dezembro. Essa festa era dançada por muitos com paletó e o lenço no pescoço por parte dos cavalheiros no barracão iluminado por lamparina feita de bambu. Com isso o carimbó passou a ser uma festa de temporada. Onde muitas pessoas iam a Maranhão para prestigia - lá. Essa festa durava 15 dias, uma verdadeira festividade, onde se fazia donativos, ladainhas, folias, novenas, levantamento e derrubação de mastro votivo a são Benedito, com uma variedade de comidas titpicas da região. Entre inúmeras pessoas que ali chegavam, o destaque maior foi para o senhor Manoel Pereira da Silva(Manoel Espetor), que sempre ia da cidade de Marapanim, na sua canoa grande Renascença, para vender produtos entre outras iguarias. Foi o primeiro a levar de Maranhãozinho para se apresentar na sua casa de moradia na cidade de Marapanim.
.......O senhor Manoel da silva (mímico), filho nato de Maranhãozinho , presidente da diretoria de são Benedito onde com seus lúcidos 96 anos de idade, afirma quando o senhor Manoel Espetor, saiu do trapiche de Maranhãozinho com os carimbozeiros (músicos de carimbó) em sua canoa de nome Vaidosa, foi registrado em ata, visto que esta decisão foi concordada em uma reunião entre o poço de Maranhãozinho e Manoel Espetor cidadão querido naquela terra onde de fato e de direito é o verdadeiro berço do carimbo em todo o rincão marapaniense.

Fragmento do texto de Carlos Canuto Vieira - de Marapanim 08.11.2006
Desenhos : Madlene